sábado, 4 de julho de 2009

Cash, o advogado de um prisioneiro

O célebre show do cantor em Folson Prison é o ponto de partida para levantar um aspecto particular de sua biografia.

Texto:Agência Estado/Foto: Divulgação

Johnny Cash Folson Prision É bom avisar logo de cara. O documentário "Johnny Cash at Folsom Prison", que será exibido nesta 6ª feira (3) e sábado no Festival Internacional do Documentário Musical - In-Edit Brasil, não é um registro do célebre show que o cantor fez na penitenciária americana em 1968. O diretor Bestor Cram toma o concerto como ponto de partida para levantar um aspecto particular e pouco explorado da biografia do astro do country rock Johnny Cash (1932-2003): seu engajamento com a causa dos presidiários.

O registro do show rendeu um dos melhores álbuns do cantor. Uma edição recente nos Estados Unidos reúne a versão em CD duplo e o filme de Cram em DVD, à venda no site www.amazon.com a partir de US$ 19,98. O roteiro tem canções que identificam as ligações de Cash com o universo carcerário, como "Folsom Prison Blues", "Cocaine Blues", "I Got Stripes", "I’m Here to Get my Baby Out of Jail", "Flowers on the Wall", "Greystone Chapel", "25 Minutes to Go" (sobre a tensão dos condenados à morte).

Trechos de algumas dessas canções aparecem em off no filme, que tem farto material fotográfico do concerto. Jim Marshall, o fotógrafo que acompanhou Cash na ocasião, é um dos entrevistados. Cram também colheu depoimentos dos filhos Rosanne e John Carter Cash, do baixista Marshall Grant, da banda Tennessee Three que o acompanhou no show na prisão, além de ex-detentos, um ex-guarda do presídio e a filha de Glen Sherley, um dos personagens chave do documentário.

Autor de "Greystone Chapel", Sherley é descoberto por Cash, os dois se tornam amigos e o astro se empenha na campanha para livrar Sherley da prisão. A atitude só aumentou a empatia de Cash com os presidiários. Embora tivesse antecedentes de problemas com a lei por conta da posse de drogas, Cash nunca foi preso, ao contrário do que se acreditava. A filha Rosanne até toca nesse assunto no filme. Mas a intimidade do cantor com o universo carcerário só dizia respeito às canções que os detentos bem conheciam naquele concerto.

O filme de Cram também dá uma breve panorâmica no início da carreira do cantor - que decolou ao gravar "Cry, Cry, Cry", na lendária Sun Records, que tinha Elvis Presley, Roy Orbison e Jerry Lee Lewis no elenco -, aborda a relação com June Carter Cash, que começou também em 1968 e foi dramatizada no filme "Johnny & June" (2005), com Joaquin Phoenix e Reese Whitesrpoon, premiada com o Oscar pelo papel.

A causa de Cash em defesa de Sherley (preso por assalto à mão armada) é o ponto nevrálgico do documentário de Cram. A história dos dois é consequência paralela do concerto na Folsom Prison, onde Sherley o assistiu e aparece numa foto na primeira fila apertando a mão de Cash, que incluiu "Greystone Chapel" no roteiro de improviso. Cash apelou até ao governador da Califórnia para libertar Sherley e foi recebê-lo na porta da prisão no dia em que foi libertado. Sherley tentou a carreira de cantor, mas não se deu bem, voltou às drogas e acabou se matando com um tiro na cabeça.

SERVIÇO:

"Johnny Cash at Folsom Prison" (EUA, 2008, 97 min.), de Bestor Cram - Hoje (3) às 22 h no HSBC Belas Artes, Rua da Consolação, 2.423, 11 3258-4092; sábado às 22h15 no CineSesc - Rua Augusta, 2.075, 11 3087-0500.

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