quinta-feira, 16 de julho de 2009

Doo Wop: A magia e o encanto dos “Harmony Groups Vocals”

O Doo wop é um gênero musical oriundo do Gospel e R&B que surgiu entre as décadas de 30 e 40, nas comunidades religiosas e nos subúrbios de Chicago, Los Angeles, New York, Pensilvania e Filadélfia. Grupos de 4 ou 5 adolescente reuniam-se nas esquinas, debaixo de varandas e em parques públicos para cantarolar e imitar instrumentos musicais com suas vozes. Geralmente faziam somente a Cappela (parte cantada) de canções que falavam de amor. Como os primeiros grupos se formaram em igrejas ou próximos a elas, era muito comum que  o novo estilo fosse classificado como música gospel, no entanto com decorrer do tempo foi-se incluindo alguns elementos do blues, dando assim, uma cara mais original ao que seria conhecido mais tarde como Doo Wop

"The Orioles" Pode-se dizer que em 1948 foi dado “o ponta pé” inicial para a popularização do Doo Wop, quando um grupo chamado “The Orioles” alcançou o primeiro lugar entre as músicas mais tocadas nos EUA, com “Its Too Soon To Know”. A partir de então, outros grupos apareceram tais como “The Ravens”, “The Flamingos”, “The Penguins” etc. Repare que, se traduzirmos esses nomes para o português veremos que estes são inspirados em nomes de pássaros. O motivo para isso, talvez, seria comparar suas vozes e com os sons e o canto dos pássaros. Outros grupos, porém, tiveram seus nomes inspirados em carros da época, como por exemplo “The Cadillacs”, “The Impalas” e “The Fleetwoods”

A princípio esse estilo de música ainda não era denominado Doo Wop, sendo os conjuntos chamados de “Harmony Groups Vocals”. Os grupos eram descritos como R&B, embora essa classificação fosse ampla demais para enquadrar os “Harmony Groups Vocals” como R&B .O termo “Doo Wop” surgiu na imprensa pela primeira vez somente em 1961, em uma publicação do jornal Chicago Defender, mas foi nomeado pelos fãs, em menção às onomatopéias vocálicas produzidas pelos conjuntos. Essas ginásticas vocais formavam uma seqüência de silabas fonéticas como “Bop-bop”, “Dip-dip”, “Bomp-a-bomp-bomp-bomp”, “Buh-dang-a-dang-dang”, “Wah wah, shoop shoop”, “Dooby dooby-doo”, “Yip-yip-yip “dip dop dip” e por aí vai...  Tais jogos de palavras serviam para suprir a falta de instrumentos musicais, embora mais tarde os conjuntos de Doo Wop aderissem a alguma instrumentalização – escassa em muitos casos – mas sem nunca deixar de enfatizar a  harmonização entre as vozes. A entrada das vozes era feita de forma  progressiva de modo que o cantor “barítono” iniciava os disparates silábicos e posteriormente os outros cantores entravam, um de cada vez, até a harmonia tornar-se plena.

No inicio da década de 1950 o Doo Wop começa a se consolidar como o grande estilo musical do momento. Aos poucos o novo estilo caia no gosto popular – principalmente dos adolescentes – com letras cheias de lamentações, declarações amorosas e suaves melodias.


ThePlatters Aproveitando o sucesso que o estilo fazia, em 1953 Allan Fred passou a convidar diversos grupos como “The Coasters”, “The Spaniels“, “The Coronets“, “The Moonglows“, e “The Flamingos“, para se apresentarem em seu palco. No mesmo ano o “The Orioles” emplaca outro grande hit chamado “Crying In The Chapel” que mais tarde seria gravada por Elvis Presley. No ano seguinte surgia o “The Platters”, que  tinha como integrante Zola Taylor (era incomum uma mulher cantar nos grupos vocais da época),  alcançou as paradas americanas com “The Great Pretender”,“Only You“ ,“Smoking in the Eyes” entre tantos hits.

"Frankie Lymon & The Teenagers" O auge do Doo Wop ocorreu em 1956, quando o pré- adolescente Frankie Lymon com seu grupo “The Tennagers”  apareceram no programa de TV do apresentador Frankie Laine, em rede nacional, e tocaram “Why Do Fools Fall in Love”. Na ocasião a banda de Jazz que tocava no programa de Frankie Layne fez o acompanhamento durante a performance do grupo. O fato interessante é que “Frankie Lymon and The Teenagers” cantaram a música afinados em Dó, enquanto a banda de Frankie Layne tocou a canção afinada em Ré. Apesa r dessa “dissonância“, a performance foi muito aplaudida pelo público que assistiu. Após essa aclamada apresentação de Frankie Lymon na TV, era comum canções de Doo Wop aparecerem no Top Five das paradas R&B americanas.

A partir de 1958 a música negra começa a trilhar novos rumos, como a soul music da gravadora Motown, abrindo espaço para os  grupos brancos como “The Skyliners” e “The Diamonds”, os inter-raciais tais como “The Del-Vikings” e “The Crests”, e finalmente para grupos formados por descendentes de italianos, que ficaram conhecidos como Ítalo Doo Wop, dentre os quais se destacam “The Capris”, e Dion & The Belmonts. Os “italianos” eram considerados cantores tão talentosos quanto os negros e por isso conseguiram manter o Doo Wop nas paradas de sucesso até o início da década de 60. Assim como os negros os italianos também pertenciam a comunidades religiosas suburbanas contribuindo para que esses grupos mantivessem  a mesma a identidade musical.

Em 1961 o grupo de “The Marcels” estourou com uma versão da balada “Blue Moon” vendendo mais de 1 milhão de cópias. Parecia que o Doo Wop tomaria outro fôlego com o sucesso da canção, porém, em 1964, bandas como “The Beatles”, “The Who” e “Rolling Stones” - a famosa “invasão britânica” - começaram a dominar o cenário pop musical fazendo com que o Doo Wop fosse deixado de lado. Todavia o estilo deixou suas marcas influenciando artistas e bandas importantes dentre elas podemos citar “The Beach Boys” , “Eletric Ligth Orquestra” “Frank Zappa” e até “David Bowe”.

3 comentários:

Sara Leandro disse...

Sempre amei esses grupos Vocais, principalmente o The Platters. Todas as vezes que escuto alguma música do estilo, remeto-me àquela época maravilhosa que foram os anos 50 e 60 (embora tenha nascido um pouco depois disso). Como é gostoso ouvir o jogo de vozes feitos por esses extraordinários grupos!!! Pena que hoje esse estilo musical não faça tanto sucesso como naquele tempo, mas deixaram, com certeza, a sua marca na história da música e Rock.

Fernando Archinto disse...

Concordo contigo Sara.
É inegável o legado deixado pelos grupos de Doo Wop. Dá Saudades, mesmo que não tenhamos vivido a época (é até engraçado dizer isso). Eles provaram que para se fazer uma boa música não era necessário conhecimentos musicais tão profundos e nem mesmo uso de instrumentos. Encantavam principalmente pela simplicidade que sempre foi peculiar aos "Harmony Groups Vocals".

Muito obrigado por sua visita e pelo seu comentário no post!

Mitch Mckenna disse...

Eles não tinham conhecimento técnicos, no entanto, eram afinadíssimos e tinham uma noção impressionante de harmonia, duas coisas que faltam em muitos grupos de uns tempos para cá, nos quais nem o lead saber cantar afinado rs.

DooWop influenciou o som dos 50, 60, 70, ajudou a formar o Soul e a Disco.


Amo tanto DooWop que resolvi montar um grupo em são Paulo: OS Relíquias doo Wop group. Gosta disso também? Então, junte-se a nós!!!

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails
Page copy protected against web site content infringement by Copyscape